
A proteção de crianças e adolescentes em espaços públicos é um desafio constante em um país que ainda enfrenta altos índices de violência contra esse público. Por isso, é importante que todas as pessoas, principalmente crianças e adolescentes, tenham orientações claras sobre prevenção e segurança no cotidiano. i6w3v
Entre as preocupações comuns de famílias e responsáveis, a possibilidade de uma criança ser abordada por um estranho na rua, seja a caminho da escola, na porta de casa, em praças ou em outros espaços públicos, exige atenção. Muitas vezes, por desconhecimento ou receio, esses temas deixam de ser abordados de forma direta com os próprios meninos e meninas. Porém, é justamente a conversa franca e adequada à idade que pode fazer a diferença em momentos de risco.
A Fundação Abrinq organizou um conjunto de orientações com o objetivo de apoiar pais, mães, educadores e responsáveis na tarefa de preparar as crianças para identificar comportamentos suspeitos e saber como agir em caso de abordagem por uma pessoa desconhecida.
Explique o que é um estranho, de forma simples e direta 3c3c59
É comum que crianças associem a ideia de um estranho a alguém com aparência assustadora ou comportamento agressivo. Essa imagem pode ser construída por histórias ou desenhos animados, o que muitas vezes pode não corresponder à realidade. É importante explicar que um estranho é qualquer pessoa que ela não conhece ou com quem nunca teve contato próximo, mesmo que pareça gentil, educado ou se diga conhecido da família.
Evitar estereótipos ajuda a ampliar a percepção de risco. O desconhecido pode ser um adulto, um adolescente ou até alguém que aparente estar ali para “ajudar”. O ponto central é ensinar a criança a não confiar apenas na aparência ou no tom de voz.
Ensine a identificar comportamentos inadequados 4n232o
Mais do que saber quem é ou não conhecido, é importante que a criança consiga perceber atitudes fora do padrão. Alguns exemplos que devem ser discutidos com ela incluem:
• Um adulto que pede ajuda para encontrar um animal de estimação perdido;
• Alguém que oferece presentes, dinheiro ou doces;
• Um estranho que pede segredo ou tenta levá-la para outro lugar;
• Pessoas que fazem perguntas pessoais ou tentam tirar fotos sem autorização.
A criança precisa saber que adultos geralmente não pedem ajuda a crianças em situações na rua e que qualquer pedido que envolva segredo deve ser sinal de alerta.
Reforce que ela pode dizer "não", sair de perto e pedir ajuda m1jx
Muitas crianças são ensinadas a serem educadas com adultos, o que pode dificultar a reação em momentos de risco. Por isso, deixe claro que, em algumas situações, não há problema em dizer “não”, correr, gritar ou até chamar atenção.
Frases simples como “você pode sair correndo caso se sinta em perigo” ou “não é falta de educação dizer ‘não’ para um estranho” ajudam a criar segurança e autonomia. Ensine também que, ao se sentir ameaçada, ela deve procurar imediatamente um adulto de confiança, como um policial, um agente público identificado ou um responsável pela escola, e contar o que aconteceu.
Construa cenários e combinem estratégias de prevenção 3z5y3f
Uma forma eficiente de preparar a criança é simular situações do dia a dia. Pergunte, por exemplo: “e se alguém disser que foi mandado pelos seus pais para te buscar na escola?” ou “e se um estranho oferecer carona até em casa?”. Essas perguntas ajudam a entender como a criança reagiria e abrem espaço para orientações práticas.
Algumas dicas úteis também são:
• Definir uma palavra secreta que só pessoas autorizadas saibam;
• Estabelecer rotas seguras até a escola ou outros locais;
• Combinar pontos de encontro em casos de desencontro.
Esses acordos dão segurança à criança e também auxiliam os adultos a monitorar situações de risco.
Oriente sobre os limites do corpo e do toque 3a3z3h
A conversa sobre abordagens por estranhos deve estar integrada a um diálogo mais amplo sobre o respeito ao corpo da criança. Desde cedo, a criança precisa saber que ninguém pode tocar em partes íntimas do seu corpo, nem pedir para vê-las ou mostrar o próprio corpo. E que, se algo assim acontecer, ela deve contar a um adulto de confiança imediatamente.
Essa orientação vale tanto para interações presenciais quanto em ambientes digitais, onde os riscos de aliciamento por desconhecidos também estão presentes.
Ouça sempre, sem julgamentos 1r61
Manter um canal aberto de diálogo é essencial para que a criança compartilhe dúvidas, medos ou situações que vivenciou. Se ela relatar uma abordagem ou atitude estranha, evite repreensões ou descrédito. A escuta acolhedora é o caminho para garantir sua segurança e confiança.
O papel da comunidade e dos espaços públicos 115752
A responsabilidade pela proteção das crianças não é apenas da família. Escolas, vizinhança, organizações da sociedade civil e o poder público devem atuar de forma integrada para garantir ambientes mais seguros. Isso inclui políticas públicas de proteção à infância, campanhas educativas e melhoria da infraestrutura urbana.
Canais de denúncia e informações úteis 2l323o
Caso presencie ou suspeite de qualquer situação de violência, abuso ou abordagem indevida envolvendo crianças e adolescentes, é possível buscar apoio e realizar denúncias nos seguintes canais:
Disque 100 – Canal nacional e gratuito para denúncias de violações de direitos humanos, com atendimento 24 horas, inclusive aos finais de semana e feriados.
Delegacias da Criança e do Adolescente – Em casos de urgência, também é possível procurar delegacias especializadas ou ligar para o número 190 da Polícia Militar.